O
Sócio-Interacionismo de Vygotsky
Muitos homens se
debruçaram ao longo do tempo para compreender o desenvolvimento de alguns
processos educacionais, para com isso, propor conceitos que ampliam a nossa
visão sobre as relações de ensino.
Lev Semenovitch Vygotsky nasceu em novembro de 1896. Seus estudos se
direcionaram para a compreensão das relações educacionais a partir das relações
sociais humanas. Não cabe aqui analisar todo o contexto histórico da época em que
viveu, mas as influências da teoria marxista e da práxis revolucionária social,
tão em voga no inicio do século XX, são notadas em suas análises, sempre
preocupadas em visualizar o homem como um ser social.
Para Vygotsky o homem
constitui suas formas de ação e sua consciência crítica através das relações sociais, que direcionam
os indivíduos ao caminho da compreensão crítica. A criança começa a realizar
determinadas tarefas graças ao auxilio dos adultos, que serão seu espelho até
que esteja pronta para realizar as tarefas sozinha. Ao interagir com indivíduos
que possuem uma capacidade cognitiva mais avançada ela começa a modificar a
sua ação, que será sempre determinada pela relação social com outros
indivíduos. Por isso ocorre a imitação, quando a criança copia os indivíduos
presentes no seu circulo social. É, portanto, pela relação social que
aprendemos e nos capacitamos, até que tenhamos controle dos sinais que nos são
necessários.
Ao mesmo tempo em que
age com o mundo exterior, o sujeito interage com si próprio. As relações exteriores
se internalizam no sujeito, pois as experiências vividas vão se adaptar as
características internas, constituindo uma nova estrutura, única em cada individuo.
Para Vygotsky o plano interno é uma apropriação das formas de ação que vem do
contato com o meio externo, pois o sujeito vai utilizar a ação do mundo social
para aprender a regular sua própria ação.
A fala será uma
importante estrutura de aprendizagem, responsável pelo contato mais abrangente
do individuo com os outros. Com ela a criança passa a pensar sua ação de forma
mais concreta e independente, será o elo de ligação com o mundo social, tão
necessário para a continuidade do seu desenvolvimento cognitivo.
Apesar da necessidade
da relação social, o plano interno não é uma simples reprodução do externo. Ele
é uma incorporação deste, se constrói adaptando-o as estruturas existentes no próprio
ser. Não se trata de um sujeito passivo ao meio, que recebe as informações e com
isso passa a agir. O conhecimento não é dado de fora para dentro, ele é uma ação
mútua entre os indivíduos, pois é construído por ambos em uma interação social.
É a relação entre os sujeitos
que vai levar a uma evolução das experiências, elevando o controle sobre as
ações. Isso é tido para Vygotsky como “a zona de desenvolvimento proximal”, onde
ocorre a obtenção de capacidades através da relação compartilhada com outros
seres. Essa obtenção permitirá novas possibilidades de desenvolvimento
posterior. A aprendizagem obtida com essa interação será à base das próximas, e
esse ciclo se desenvolverá durante toda a vida.
Com isso, Vygotsky conclui
que uma aprendizagem bem sucedida é aquela que cria estruturas para novos
conhecimentos, dando base para que os indivíduos possam dominar as ações de
forma autônoma. O conhecimento é adquirido quando o individuo passa a
agir de forma espontânea, controlando suas ações de forma independente ao meio
externo. A autonomia e a regulação das ações são resultado de interações, pois ao
mesmo tempo em que se individualiza a criança se sociabiliza, num processo de
conhecimento eterno.
OLIVEIRA,
Marta Kohl. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento, um processo
sóciohistórico (2a. ed.). São Paulo: Scipione, 1995.
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